terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A música é movida pela mistura?

Música faz lembrar de pessoas, momentos inesquecíveis e reacende recordações adormecidas. A melodia faz nosso coração bater no bit mais acelerado e tem o poder de nos acalmar. Sem distinção de raça, religião ou classe social, o Festival de Verão de Salvador, mais uma vez na 11ª edição, apresenta uma mistura que movimenta a música, seja através dos diferentes instrumentos emitindo variados sons e ritmos ou da vibe positiva que ecoa no espaço miscigenado que junta várias tribos sem preconceito.

E por falar em mistura, nem a raça aqui é pura. Grande diversidade que nos enche de cultura trazendo novidades a cada ano com artistas regionais, nacionais e internacionais, levando o público ao êxtase. Essa mistura de influências é que faz dos dias 28 a 31 de janeiro, no Parque de Exposições se tornar um caldeirão de alegria, influenciado pela energia do verão.

A música, a partir de certo momento, passa a fazer parte do aparelho sensório-motor através do qual percebemos o mundo e nossa ação nele. Sem música não nos movimentamos como uma marionete, cujo os membros se conectam com cada compasso da batida e da freqüência, essa sinergia entre som e movimento faz o corpo se sentir mais leve.

Esse é o principal desejo de participar de um evento que emana tantas vibrações positivas, apesar de toda a mistura tem sempre algo original e inédito que nos leva a pensar o quanto a mistura faz parte da nossa vida, seja na música ou na genética.

(Texto feito para participar do concurso da Via Press para assessoria do Festival de Verão 2009)

Elena Martinez

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Designer: Profissional Indispensável na Produção Jornalística

Formada em Design com habilitação em comunicação visual e ênfase em meios digitais, Valentina Garcia, 39 anos é supervisora de artes gráficas do Jornal A Tarde.
A função dela no jornal consiste em coordenar o trabalho dos diagramadores, a manutenção do projeto gráfico e da direção de arte, junto aos ilustradores.
Valentina explica na entrevista a seguir, como o designer pode auxiliar na produção Jornalística. Para ela, o principal objetivo é atender a demanda da redação, aliado ao conteúdo editorial, para criar produções imagéticas nos cadernos e nas páginas especiais.
“O designer possui grande importância na produção jornalística, pois é ele quem define para onde o olhar do leitor deve seguir, segundo a hierarquia da informação, com a prioridade de guiar seu olhar em relação ao texto”, disse.

Elena Martinez - Quais aspectos o Design pode desenvolver para ajudar no entendimento da notícia?

Valentina Garcia - Inicialmente é necessário que o designer esteja inserido no início da produção jornalística, desde a definição do projeto editorial ou na apresentação de uma pauta juntamente a quem vai produzi-la. Discutir sobre a estrutura da matéria, a forma de apresentação e a melhor forma de ilustrarem, seja com fotos, ilustrações e infográficos. Ver a possibilidade de criar destaques com textos curtos - decks de leitura. Essa forma é considerada como um projeto gráfico existente com parâmetros a ser seguido a exemplo da tipografia, entrelinha, mancha gráfica, etc.

E - Qual a importância do Design Gráfico no jornalismo?

V - Possui grande importância uma vez que o aspecto gráfico é a tradução do conteúdo. É no design que se define, para o olhar do leitor a hierarquia da informação com a propriedade de guiar seu olhar em relação ao texto. Atua como tradutor visual gráfico de um conteúdo, aliando elementos textuais e não textuais (imagéticos).

E - Sem o Design, como você classificaria um Jornal? Descreva como seria um jornal sem as artes gráficas.

V
- Considerando um jornal sem projeto gráfico, seria difícil para o leitor se sentir atraído, identificar o grau de importância do conteúdo, homogeneidade na publicação e reconhecimento do produto.

E - Qual a importância das diferentes, fontes das letras, tamanho, cores, colunas etc?

V - Bom, existem princípios presentes na etapa projetual para a definição de tipografia. Cada tipo possui uma história e uma função para fins determinados. Há, por exemplo, aspectos a serem considerados como estruturais e ergonômicos de leiturabilidade e legibilidade. Os tamanhos das fontes devem ser definidos de acordo com a função e o grau importância de cada elemento. A mancha gráfica, formato, cores, colunagem, entrelinha, elementos gráficos de suporte (fios, vinhetas, boxes, sinais gráficos) entre outros, são elementos que fazem parte das etapas projetuais e a definição desses elementos são feitas a partir de projeto editorial pré-definido que possui informações que vão nortear o design a tomar tais decisões.

E - O texto se torna mais atraente, quando existe uma boa diagramação gráfica? Quais os principais requisitos?

V - Com certeza, a diagramação pode, tanto valorizar quanto desvalorizar o conteúdo de um texto. O que vai definir e traduzir bem ou não os elementos textuais em espaço gráfico (página). Como principais requisitos: é um bom projeto gráfico, uma pauta bem definida e boa(s) foto(s).

E - A compreensão depende da editoração gráfica? Descreva algumas das dificuldades que o leitor encontraria se não existisse a diagramação visual.

V - A editoração ajuda na compreensão. A definição de imagem, seu tamanho, a disposição dela em relação ao texto. Os tamanhos de títulos e sua posição que define a hierarquia da informação. O corpo do texto, entrelinha, largura de colunas com medidas inadequadas, imagens mal escolhidas, torna a leitura desconfortável e de difícil compreensão do grau de importância das matérias e fluência da leitura.

E - De acordo com a sua experiência na área, o que você recomenda ou acrescenta para os estudantes de jornalismo que pretendem seguir a diagramação gráfica do jornal?

V
- Bom, com relação aos estudantes de jornalismo, em minha opinião, o que é hoje ensinado nas universidades em respeito a design editorial, habilita-os no máximo, para exercer o papel de jornalista junto à diagramação (familiarizar com a atividade). Para atuar como designer é necessário estudo mais aprofundado sobre os aspectos abordados em tal atividade, assim como para atuar como designer editorial é necessário conhecer sobre os processos, princípios e terminologias específicas do processo jornalístico e editorial. Não o habilitando para atuar como repórter, por exemplo.

Elena Martinez

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Praça da Sé passa por intervenção arqueológica

A Praça da Sé, local onde em 1553 foi erguida a velha Sé da Bahia é um dos pontos mais visitados na cidade de Salvador, sua riqueza histórica não se restringe ao que os olhos dos turistas podem ver. Em 1998 o arqueólogo e também professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Carlos Etchevarne desenvolveu, um plano de intervenção arqueológica na praça, onde possibilitou a recuperação de objetos como adornos corporais, cachimbos, cerâmicas que identificam dados importantes sobre os antigos moradores da cidade, reconstruindo o cenário cultural.

A equipe do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA (MAE/UFBA) foi convocada pela Prefeitura. O projeto tinha por objetivo a utilização da Praça da Sé como espaço público para o lazer, no qual as pessoas pudessem ter sempre presente, marcos evocativos da história no próprio ambiente.

Os especialistas da Prefeitura Municipal ficaram responsáveis pelas escavações que não necessariamente apareceram nas estruturas arquitetônicas, mas em lixeiros da cidade e nas residências, normalmente em jardins, fundos e quintais de casa e algumas vezes espaços abertos como praças e parques. Por exemplo, o Dique do Tororó, para o pesquisador "são setores urbanos que contêm preciosas informações históricas e devem ser valorizadas".

Etchevarne explica que esses elementos arqueológicos permitem-nos reconhecer que existe uma dinâmica com ritmos próprios que variam historicamente no processo de construção de uma cidade. Morador da cidade há 50 anos José Rodrigues, diz que a praça é o lugar central onde ocorreram e ocorrem às principais manifestações políticas e sociais, festas que marcaram e marcam a cultura da cidade entre programas locais de televisão.
Após a inauguração do terminal da Lapa, em 1982 a praça degradou-se. Dezessete anos com o projeto do arquiteto Assis Reis a praça ganha uma nova perspectiva de Belvedere, o monumento à demolição da Sé – a cruz caída, da autoria de Mario Cravo – o monumento a Tomé de Souza, a restauração do monumento a D. Pero Fernandes Sardinha, iluminações cênicas e sonorização. "A cidade como nos apresentam hoje, são efeitos de uma complexa construção, física e simbólica, de grupos humanos interagindo em diversos momentos", esclareceu Etchevarne. Segundo afirmação do grande mestre da geografia, o Professor Milton Santos "a paisagem é o resultado de uma acumulação de tempos".

Segundo constatou a pesquisa de Etchevarne durante as intervenções foram encontrados vestígios ósseos. A superposição de esqueletos em um mesmo local, o número excessivo de corpos, assim como as evidências de acumulo de ossos sem organização e até ósseo queimado, são provas claras do tratamento proporcionado aos restos daquelas pessoas dos estratos mais baixos da população. Além disso, seguiu-se uma escavação arqueológica às fundações da velha Sé, a qual resultou na criação de quatro sítios arqueológicos, cujo resgate de objetos e ossos está sendo conduzido pela equipe MAE/UFBA. Assim se compõe à história da praça mais requintada da cidade de Salvador.

Elena Martinez

Portabilidade contribui para empresas entrarem em disputa acirrada


Operadoras brigam ainda mais pelos seus clientes
Elena Martinez e Maiana Marques

No último dia 24 os baianos que portam DDD 71 e 73 começaram a desfrutar da facilidade de trocar de operadora telefônica e permanecer com o mesmo número, o que possibilita aos clientes de telefonia fixa e móvel manter o antigo número, independente da operadora que esteja vinculado. Todas as telefonias fixas e móveis estão inclusas nesse novo “projeto”. Desde o dia primeiro de setembro que a portabilidade numérica chegou ao Brasil.

Agora, todos aqueles clientes insatisfeitos com suas operadoras de origem podem trocar e manter seu número antigo. A portabilidade numérica veio com o intuito de facilitar a vida dos consumidores, porém essa facilidade não é em vão. Caso haja um plano de fidelidade, o cliente terá de reincidir contrato pagando multa, além de perder todas as promoções que unem fixo, móvel, TV a cabo e internet.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estipulou o valor de R$4, para levar o número de uma operadora para outra. Porém, a operadora receptora pode absorver o pagamento desta taxa. “E isso é exatamente o que tem ocorrido até o momento no Brasil”, afirma Fernando Ornelas, gerente regional da Anatel na Bahia e Sergipe.

“A portabilidade é um momento de grandes oportunidades, não só para fidelizarmos os nossos clientes da base, como também para incentivar os novos clientes, que estão saindo da concorrência em busca de melhores serviços e preços”, conta César Carvalho consultor de soluções - consumer da TIM Salvador.

O serviço já está acessível para 50 milhões de usuários de telefonia móvel e fixa em todo o Brasil e chegou em boa hora para a baiana Silvana Tavares, 29 anos. Embora esteja insatisfeita na sua atual operadora de telefonia móvel, ela conta que não podia migrar para outra prestadora de serviço porque o seu número faz parte do seu ganha-pão. “Sou autônoma e dependo do meu celular para meus clientes me acharem, pois não tenho telefone residencial. Se eu mudasse de número, certamente perderia muito dinheiro”, pontua Tavares, complementando: “Quero ser uma das primeiras clientes a solicitar a portabilidade. Não agüento mais a Claro na minha vida”, finaliza. Até primeiro de março de 2009 toda a região brasileira já estará coberta pela portabilidade fixa e móvel.

Elena Martinez

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

IV Mostra de Comunicação

A IV Mostra de Comunicação da Unibahia será realizada nos dias 07 e 08/10, das 19 às 21h40 na quadra de eventos, no campus I. O evento tem como objetivo levantar as princípais questões sobre a associação da comunicação e da responsabilidade social e a área de trabalho da comunicação integrada difundindo os conhecimentos dos convidados com os espectadores do evento, provocando uma reflexão nas mudanças de valores, salientando a importância de comunicação.

Dia 07/10 será abordado o tema A Responsabilidade Social e a Contribuição do Profissional de Comunicação neste processo e no dia 08/10, A Importância da Comunicação Integrada frente ao Mercado de Trabalho.

Fonte: Jornal Bahia Norte

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A Internet como forma de trabalho

A internet é uma ferramenta poderosa para gerar negócios, devido a isso muitas empresas já adotaram esse meio para implementar o trabalho. O interessante é observar como o processo administrativo das empresas e a comunicação evoluíram. Tendo como base o texto de Claúdio Cardoso, Internet como Ferramenta para os Negócios, o autor alerta que as pequenas empresas devem ser cautelosas nos seus investimentos em comércio eletrônico.

Como afirma o Ph.D. em Comunicação, professor do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Comunicação da UFBA, e Consultor de e-Business em diversas organizações nacionais e internacionais, dentre elas a Petrobrás, a Construtora Norberto Odebrecht, a Agência Nacional do Petróleo, as Secretarias da Fazenda de Salvador e do Estado da Bahia, a Unext.com, o Grupo Jerónimo Martins, entre outras. "Os pequenos empreendimentos devem ter em mente pelo menos quatro aspectos que consideramos indispensáveis ao sucesso do varejo eletrônico".

O primeiro item citado por Cardoso é a criação de uma boa infra-estrutura de sistemas de informação na empresa. Páginas de acesso rápido e interação com os clientes. Para ele desconsiderar este aspecto é o mesmo que colocar-se fora de qualquer perspectiva, futura que seja, de inserção da empresa no circuito do comércio eletrônico.

O segundo aspecto citado refere-se ao conhecimento do cliente. Ele diz que no Brasil não temos o hábito de comprar a distância, nem desenvolvemos até o momento uma infra-estrutura nacional de entrega a domicílio que garanta padrões de excelência nos prazos e na qualidade deste serviços. Acrescenta que ao mesmo tempo, somos um povo que ainda gosta de tocar nos produtos antes da compra, e também não depositamos confiança no sistema de garantias ao consumidor, onde não temos a certeza de que os produtos adquiridos sempre chegarão em perfeito estado.

O terceiro aspecto, crucial, é composto pelas mudanças de hábitos e regras dos segmentos de varejo, e da própria empresa. A manutenção e a renovação dos estoques, o relacionamento com os clientes, o recebimento das solicitações de compras, a autorização e o controle do crédito, a montagem e a remessa dos pedidos, e os serviços de entrega, são alguns dos processos que a organização, devem estar alinhados aos ritmos e exigências dos novos processos. E finalmente, o quarto item que é não deixar de desconsiderar investimentos com marketing e publicidade.

A missão da empresa não deve ser definida como vendas ou lucro. O lucro é consequência de um trabalho bem feito. A internet pode ser uma forte aliada, se usada corretamente. Com um investimento relativamente baixo (se comparado às mídias tradicionais), a internet é capaz de gerar um retorno altíssimo para o negócio.

Elena Martinez

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Escola de cidadania

Manifestação da cultura popular aliada à educação ajuda a mudar vida de jovens.

Das ruas para as escolas, a arte da capoeira é ensinada por mestres e contramestres na forma de prática esportiva, que desenvolve em seus alunos qualidades como determinação, disciplina, autoconfiança e sociabilização. Com o objetivo de trazer essas atitudes para seus alunos, o Colégio Estadual Rotary, localizado no bairro de Itapuã, escolheu a capoeira como alicerce do projeto “Escola Aberta”, que pretende atuar na integração entre membros da comunidade e da escola. As aulas são ministradas pelo contramestre Tosta, que faz parte do grupo Camugerê, no qual participam 15 alunos e 12 membros da comunidade, que se reúnem todos os finais de semana no Colégio.

Com roupas brancas, cordões coloridos, músicas de tradições africanas e muito gingado, é iniciada a aula. Todos participam do jogo da capoeira, os movimentos do corpo que acompanham o ritmo do toque do berimbau fazem parte de um ritual que chama atenção das pessoas que assistem à distância, impressionadas com a dinâmica do grupo. A capoeira pode ser vista como uma arte, uma dança ou um jogo acrobático, que encanta e sensibiliza os capoeiristas e quem presencia a roda, todos com sorriso no rosto, cantando e batendo palmas para animar a aula.

“A capoeira é um todo. Nela são aplicados movimentos de dança e de luta, mas, acima de tudo, é uma filosofia de vida!”, relata Tosta, segurando o pandeiro. O grupo Camugerê, que depois de 10 anos de experiência em trabalhos com a capoeira, por motivos de crescimento e de acreditar em uma nova metodologia, fundaram em 15 de março de 2002 o Centro de Ensino Camugerê Capoeira (CECC), com sede na Rua das Acácias, nº 42. Hoje, o CECC desenvolve trabalhos em mais de 28 escolas das redes públicas e particulares, em condomínios e academias, estendendo seu trabalho para alguns municípios no interior do estado como: Camaçari, Itaquara e Jaguaquara.

O grupo Camugerê desenvolve também alguns projetos de cidadania e solidariedade, tendo parcerias com vários órgãos, como o Hemocentro da Bahia (HEMOBA), onde os capoeiristas ajudam todos os anos a incentivar pessoas a doarem sangue, na luta contra a demanda nos bancos de coleta. Outra parceria importante é a Secretaria Municipal de Articulação e Promoção da Cidadania (SEMAP), com a qual mestres e contramestres promovem palestras informativas para esclarecer as comunidades de pequeno poder aquisitivo sobre problemas sociais e de saúde (gravidez precoce, DST’s, entre outros).

A diretora do Rotary, Larissa Viana confia no projeto e afirma que “o trabalho de prevenção é fundamental nestes locais que tem pouco apoio governamental. A capoeira tem esse poder de afastar os meninos da criminalidade”, acreditando também no despertar do interesse ao resgate cultural, ao companheirismo e a cidadania de seus alunos. O aluno Diego Souza Teles, 17, participante há 2 anos do grupo, garante que melhorou seu condicionamento físico, além de perceber o quanto sua escola é importante para o avanço da comunidade de Itapuã.

A instituição está passando por dificuldades, pois o governo não tem estimulado o esporte na escola, e fica a cargo dos professores providenciar melhorias para as aulas. O professor de Educação Física Lucio Silva Souza relatou a falta de materiais para as práticas esportivas, como bolas, redes para as traves, além das rachaduras nas paredes da quadra poliesportiva e dos refletores queimados. Ele afirmou ainda que o professor de handball feminino, Carlos Alberto Rigaud, foi quem custeou a pintura da quadra.

A parceria entre o Colégio e o grupo CECC é a prova de que dedicação e solidariedade podem modificar a forma de viver de uma comunidade. Com gestos simples, utilizam atividades que fogem da rotina escolar, mas que levam ao aprendizado e a satisfação das pessoas que vivem no bairro. (maio de 2007)

Elena Martinez

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sistema de Saúde Público e Privado: Sustentabilidade, Qualidade e Ética

Sistema de Saúde Público e Privado: Sustentabilidade, Qualidade e Ética é a temática da décima primeira edição do ADH'2008 a ser realizado no período de 15 a 17 de outubro no Hotel Pestana -Salão Gregório de Matos, promovido pela Faculdade São Camilo - Bahia.


O XI Congresso de Administração Hospitalar, II Congresso de Enfermagem e o II Simpósio de Biologia acontecem simultaneamente em horários distintos e possuem vasta programação científica. Com presenças de renomados professores doutores como o Padre Christian de Paul, Magnífico Reitor do Centro Universitário São Camilo São Paulo que na atividade de abertura às 14h, abordará sobre Bioética: células tronco – Evolução ou Subterfúgio?.


Para falar sobre a Fundação de direito privado no serviço público foi convidado o médico Jorge Solla, Secretário de Saúde do Estado da Bahia.


Nos eventos estão programadas várias mesas redondas sobre diferentes temas voltando o sistema de saúde público e privado. As inscrições poderão ser feitas no site, ou no stands itinerantes, localizados nos maiores hospitais da cidade.

Elena Martinez

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Atleta baiano de jiu-jitsu supera deficiência visual

Força, coragem e determinação são palavras que fazem parte do dia-a-dia de Valtonei Silva Chagas, 30 anos. Atleta há dois anos e meio, é um exemplo de superação por praticar Jiu-jitsu mesmo com deficiência visual, o que não impede que tenha conquistado títulos e vitórias.

Mas conhecido como Pit, devido a sua força de vontade, ele treina diariamente. Sua evolução no esporte fez com que se tornasse faixa roxa. “Não me sinto um deficiente físico, mas um eficiente” declara sorrindo.

Com 17 vitórias e uma derrota, todas as lutas que enfrentou foram com pessoas, sem deficiências, pois “além dele, existe apenas um americano com a mesma deficiência que pratica essa modalidade esportiva”, explica* Marcio Bittencourt, mas conhecido como Marcito, 31 anos, proprietário e professor da academia Fight Club, a qual Pit treina.

*A perda da visão

Aos oito anos de idade Pit perdeu a vissão, em decorrência de um glaucoma congênito. Segundo o Doutor Ralph Coehn “é uma enfermidade rara, apesar de se constituir na modalidade mais comum de glaucoma que se manifesta na infância” explica.
Não ter um membro do corpo ou a ausência de um dos órgãos do sentido, parece ser muito difícil para quem tem todos, mas para, Pit, é um desafio.“Às vezes o vejo andando sozinho em Brotas; é incrível”, comenta o estudante de jornalismo Luciano Genonadio. “Quando o levo para casa, ele me ensina certo o que caminho que tenho que fazer”, afirma Tirex, faixa roxa, amigo de Pit.

*O treino

A academia fica localizada em Brotas, na Ladeira do Pepino. “O trabalho voluntário que Marcito faz, já ajudou a tirar muitos jovens da vida improdutiva”, conta seu aluno, Marcelo Palombo, conhecido como Tirex.
O treino de Pit é diferenciado, porque necessita de mais tato, para entender o que o Sensei (mestre) ensina. “O jiu-jitsu é uma luta de muito contato, por isso posso expor mais a minha técnica” explica Pit.

Pit conta com detalhes como funciona seu processo de aprendizagem, “o mestre faz a posição de golpe que ele quer ensinar, em mim, então eu estou sentindo como o golpe está encaixado, a partir daí vou pegando no mestre, para sentir em que posição ele está. Depois, o mestre faz essa mesma posição em outra pessoa e eu vou tateado as duas pessoas, para poder entender como é o golpe. Nesse processo, o mestre vai corrigindo se está certo ou errado e detalhando o que não pode faltar na hora de aplicar o golpe perfeito”, detalha. “É um processo complicado de aprender, porque requer muita paciência, dedicação, determinação, disciplina e muitas outras qualidades”, comenta Marcelo Maia, faixa roxa, amigo de Pit.

Ele treina 2h, todos os dias, “é um exemplo para todos nós. Às vezes estou triste e chego aqui na academia achando que os meus problemas são os maiores do mundo, quando olho para Pit, e o vejo sorrindo no do-jô (tatame), pronto para combate, isso me dá mais forças”, declara Marcito. Segundo ele é um o prazer ensinar o esporte também conhecido como Arte-Suave, “desenvolvi uma didática própria de passar os golpes para Pit”, conta.
Em época de campeonato Pit diz dedicar mais tempo, chega a praticar duas aulas por dia, uma pela manhã e outra pela noite. “Ele já tem a chave da academia, falei que iria colocar um horário pela madrugada, porque ás vezes ele troca o dia pela noite”, afirma Marcito. “Seria bom se outras pessoas que possuem a mesma dificuldade praticassem o esporte, pois além de aumentar a auto-estima, adquire autoconfiança”, conclui o professor.

*O campeonato

O último campeonato que Pit lutou foi o Baiano de jiu-jitsu, realizado em agosto de 2007, em Salvador. No qual foi campeão e está liderando o ranking, pois na I etapa deste mesmo campeonato, não teve lutador em sua categoria, que é máster médio até 82 kg com kimono, mas o peso de Pit atual é 80 kg.
A força também vem da família, amigos e da sua esposa Cláudia, que o ajuda nos campeonatos, dando apoio e palavras de conforto para amenizar a adrenalina sentida antes das lutas. “Eu venho me inspirando muito neles, porque além de fazer o que eu gosto e ter uma vida melhor, eles me estimulam a viver disso e me profissionalizar”, conclui.
“Acho o jiu-jitsu da Bahia maravilhoso, mas, falta incentivo dos patrocinadores para que os atletas possam conquistar um mercado de trabalho através da luta e que não sejam vistas de forma marginalizada e violenta. O jiu-jitsu é um esporte que destaca qualidades positivas no ser humano”, conta o lutador. “O jiu-jitsu ensina, a todos os alunos que não devem brigar e sim procurar a paz”, completa.
Durante os treinos, o professor ensina que o limite de cada um começa, quando o do outro termina. “Ele diz que todos têm a mesma capacidade que você, portanto não desafie ninguém. O que você sabe fazer, o outro também pode”, acrescenta.

*O patrocínio

Pit contou que os apoios ao esporte em Salvador estão com déficit muito grande, “as empresas de pequeno, médio e grande porte deveriam incentivar mais os atletas, pagando as inscrições de campeonatos, patrocinando a suplementação alimentar, para que possamos lutar em outros Estados, divulgando através de nós suas empresas e o nosso trabalho, pois é o que fazemos de melhor, na verdade, seria uma troca”, completa ele.
Pit ressalta que é fundamental o apoio que o fundador da Federação Baiana de Jiu-Jitsu (FBJJ) – Ricardo Carvalho tem dado ao esporte na Bahia. “Eu admiro o que o nosso sensei maior, faz. O trabalho que ele está fazendo aqui na Bahia é muito bom, gratificante, mas, ainda é necessário mais apoio. Pequenas, médias e grandes empresas poderiam colaborar mais, para que nossos eventos fossem cada vez melhor”, disse Pit.
Ricardo Carvalho tem patrocinadores que facilitam os campeonatos Baianos acontecerem. “Isso faz com que muitas pessoas continuem treinando e lutando literalmente por mais espaço, para que o jiu-jitsu passe a ser um esporte olímpico como é com o Judô”, comenta Pit.

*Dificuldades

Existem também outras dificuldades enfrentas por Pit, a de locomoção, “os carros estacionados nas calçadas, postes sem proteção para deficientes, orelhões públicos sem proteção, buracos encobertos, grades que abrem para o lado de fora, tapas de esgotos e da embasa abertos, piquetes, enfim, muitos outros atrapalham nossa locomoção na cidade”, disse ele. Mas, não pontuou apenas os problemas enfrentados diariamente, deixou também uma sugestão, “que o prefeito, olhe para nossa cidade com mais carinho, para que a gente venha ter uma cidade melhor, com melhores condições de locomoção, pois com isso vamos parar de bater nosso rosto nos lugares, muitas vezes danificando a nossa face, tendo estrago maior”, termina Pit.

Elena Martinez

Resenha sobre o livro "Capitães de Areia"

AMADO, Jorge. Capitães da Areia; – 103ºed. – Rio de Janeiro: Record, 2001.

Para Jorge Amado, a Baia de Todos os Santos é o cenário da realidade social brasileira. Lá estão representados todos os problemas de sua época e de hoje, daí o caráter sempre atual e o sucesso internacional de suas obras. Um dos romances mais admirados por seus leitores, Capitães da Areia trata da problemática do menor abandonado e das suas conseqüências: a violência, a criminalidade e a prostituição.

O livro conta a historia de cerca de quarenta meninos de todos os matizes, entre nove e dezesseis anos, que habitavam as ruínas de um velho trapiche no cais do porto e que para conseguirem sua sobrevivência realizavam assaltos pela cidade de Salvador. Os seus principais personagens são: o Pedro Bala, um menino de quinze anos, loiro, com uma cicatriz no rosto que era o líder do grupo, uma espécie de pai para os garotos, pois ele era mais ativo, sabia planejar os roubos, trazia nos olhos e na voz a autoridade de chefe; o Professor que lê para os garotos que não sabiam; Gato que com seu jeito malandro acaba conquistando uma prostituta, Dalva; Sem-pernas, o garoto coxo que serve de espião se fingindo órfão desamparado (e numa das casas que vai é bem acolhido, mas trai a família, mesmo sem querer fazê-lo); João Grande, o “negro bom” como diz Pedro Bala; Querido-de-Deus, um capoeirista que é só amigo do grupo; e Pirulito, que tem grande fervor religioso.

Capitães da Areia é um poema em prosa recheado de poesia e temperado com ação, aventura, comédia e drama, este livro foi escrito em 1937, pouco depois da implantação do Estado Novo por Getúlio Vargas.

A obra vem precedida por uma seqüência de reportagens onde é apresentado aos leitores segundo a visão da sociedade, da polícia e da imprensa, como um grupo de menores abandonados que eram marginalizados, aterrorizavam com seus roubos Salvador.

Capitães da Areia é sem dúvida um documento valioso para a compreensão de uma época, na Bahia. Percebe-se que a sua elaboração resultou da vivência intensa do autor nas ruas, becos e ladeiras da cidade, onde mostra a desigualdade social e a discriminação entre as raças, numa sociedade que se negava a reconhecer que somente os ricos tinham privilégios.

A triste conclusão é que continuam a fazer parte da história da pátria, meninos novos dominados e excluídos, apesar de freqüentarem cada vez mais espaços públicos, não tem a oportunidade de ter uma educação de qualidade, uma família ou quaisquer encaminhamentos futuros. Vale a pena à leitura, pois é um livro que relata a realidade que passávamos e que continuamos a passar, atuando assim na nossa consciência social, política e econômica.


Elena Martinez