sábado, 31 de julho de 2010

Ciência com Consciência

MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. Ed. Revista e modificada pelo autor – 6ª Ed. – 350p. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
No livro Ciência com Consciência do autor Edgar Morin, a ciência é apontada pelos problemas éticos e morais da ciência contemporânea. O que nos faz refletir sobre a maneira como a ciência vem sendo trabalhada e abordada pela mídia, pelas escolas, nos ambientes de trabalho e na sociedade como um todo.
Com uma linguagem bastante complexa, o termo complexidade é muito utilizado para qualificar a ciência como algo complexo e difícil de ser compreendido pelo público. Acredito que esse seja o verdadeiro interesse dos detentores do poder e dos descobridores científicos e tecnológicos. Esses detentores de informações só têm interesse que a sociedade enxergue a ciência como um assunto chato de ser debatido, assim como, se faz com a política, poucas pessoas tomam partidos desse tipo de assunto por interpretarem esses temas como algo de difícil compreensão e acesso
O título ciência com consciência nos remete a pensar que a ciência realmente não tem consciência. Tudo o que é criado, inventado, descoberto e construído através da ciência e da tecnologia, sempre tem o interesse pessoal, capitalista e político. A ciência e a consciência devem caminhar juntas, porém isso não vem ocorrendo. Estamos à beira do Terceiro Milênio e a sociedade se encontra num caos, apesar de todo avanço da ciência, o que temos visto são pessoas cada vez mais depressivas, ansiosas, estressadas, inseguras entre outras doenças que atingem a população, sem contar os desastres ecológicos, enchentes, alagamentos, desabamento, tsunamis e assim vai. E o que se tem feito para melhorar essa situação? Nada. Apenas investimentos tolos, com fins em benefícios próprios, para enaltecer o ego dos criadores, investidores e políticos.
A medicina evoluiu muito, mas a saúde tem diminuído e as doenças se alastram por todos os lados. E o que a ciência e a tecnologia tem feito é descobrir antídoto para amenizar as dores, as doenças e todos os males causados pela própria ciência e a tecnologia.
As pessoas andam com muita pressa, dirigem rápido, mas não conseguem chegar à tão sonhada paz e a felicidade que tanto desejam. A paz se falta e a violência se amplia nos quatro cantos do mundo. No mundo globalizado da ciência sem consciência, encurtam-se as distâncias e o caráter também.
Morin afirma que diante dos problemas complexos que as sociedades contemporâneas hoje enfrentam, apenas estudos de caráter transdisciplinar poderiam resultar em análises satisfatórias de tais complexidades: "Afinal, de que serviriam todos os saberes senão para formar uma configuração que responda a nossas expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas?.”

Elena Martinez

Indíce de obesidade mórbida cresce e só na Bahia já são 90 mil




Gastrectomia Vertical, técnica que consiste na retirada de até 80% do estômago do paciente, pode ser indicada para pessoas com mais de 40 quilos acima do peso corporal ideal




A obesidade é um dos maiores problemas de saúde da atualidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade já atinge mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, pelo menos 3,5 milhões de pessoas estão em estado de obesidade mórbida, ou seja, estão com pelo menos 40 quilos acima do peso corporal ideal. Na Bahia há 90 mil obesos mórbidos. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, as soteropolitanas são maioria entre as obesas da região do Nordeste, representando 13,7% no ranking das capitais do Nordeste. Já entre os homens, o índice de obesos coloca Salvador no sétimo lugar entre as capitais do nordeste, com 10,9%.
A população está cada vez mais sedentária e, com isso, crescem os números da obesidade e a preocupação dos profissionais de saúde em combatê-la e, conseqüentemente, em prevenir as diversas disfunções causadas pelo excesso de peso. Pessoas com obesidade mórbida têm grandes chances de morte provocada por diabetes, infarto, hipertensão, derrame e síndrome metabólica, entre outras patologias. Quando dietas, exercícios físicos e tratamentos mais “convencionais” não podem ser aplicados para tratar o problema, muitas vezes é necessário recorrer a uma cirurgia bariátrica, cada vez mais popularizada.
Entre as várias técnicas possíveis de serem aplicadas em uma cirurgia desse tipo, está a Gastrectomia Vertical, que acaba de ser regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e em breve deverá estar sendo liberada pelo Sistema Único de Saúde. “Agora é apenas uma questão de tempo, para os trâmites legais”, ressalta o médico cirurgião do aparelho digestivo, João Ettinger. Seu objetivo é diminuir o apetite e restringir a ingestão de alimentos sem, contudo, causar a disabsorção de nutrientes e vitaminas pelo corpo humano. “Para o controle do peso em pessoas obesas, o procedimento traz vantagens como o fato de ser mais fisiológica do que outros, já que permite que o alimento ingerido faça seu trajeto convencional pelo tubo digestivo”, explica o médico.
Ele explica também que a cirurgia consiste na retirada de uma grande parte do estômago (até 80% do órgão), deixando-o com uma forma tubular e com uma capacidade de armazenamento menor. “Com o corte, o hormônio chamado grelina é impedido de ser liberado na corrente sanguínea, o que faz diminuir o apetite do paciente. Além disso, por não haver costuras entre o estômago e o intestino delgado, diminuem os riscos de infecções”, diz Ettinger. E completa: “Além de menor agressão metabólica, outra vantagem da cirurgia é o tempo operatório menor”.
A Gastrectomia Vertical é recomendada para pacientes muito pesados com condições operatórias adversas, tais como dificuldade de visualização dos órgãos durante a operação, excessiva gordura visceral, fígado grande, aderências intensas ou instabilidade clínica. Também é indicada para pacientes obesos mórbidos idosos ou de alto risco e indivíduos com doença intestinal inflamatória, doença celíaca, anemia intensa e cirrose hepática.
“Podemos, ainda, sugerir o procedimento como cirurgia revisional em pessoas que não tiveram sucesso no procedimento de implantação da banda gástrica ajustável. Este nada mais é do que um dispositivo feito de silicone em formato de anel posicionado na porção superior do estômago com o objetivo de ‘criar’ um novo estômago com cerca de 30 ml, o que faz com que o paciente tenha uma capacidade de armazenamento muito menor, causando uma sensação de saciedade precoce”, afirma o cirurgião. A novidade também pode ser implementada em algumas pessoas como a primeira etapa de outras técnicas de cirurgia bariátrica, tais como a derivação gástrica ou biliopancreática (cirurgia em dois tempos).
A Gastrectomia Vertical é contra-indicada em pacientes com refluxogastroesofágico e hérnia hiatal, pacientes submetidos à gastrectomia, distúrbio alimentar severo (compulsão) ou doença psiquiátrica grave. “Como um segmento do órgão é retirado, o que acontece não deixa de ser uma amputação e, portanto, o procedimento é irreversível. Por isso deve ser realizadas por cirurgiões bariátricos qualificados com experiência em cirurgia laparoscópica”, declara João Ettinger.
A equipe do profissional opera por mês cerca de 30 pessoas. “Mas esse número poderia ser bem maior se existisse maior celeridade com os pacientes do SUS, o que diminuiria a fila de espera”, ressalta. Porém, segundo Ettinger, a cirurgia é apenas uma parte do tratamento de combate a obesidade. “Temos uma equipe multidisciplinar, com nutricionistas e psicólogos. É um tratamento radical e necessita de um acompanhamento constantemente. Não pode ser banalizado. Tem que ser feito um acompanhamento anual”, destaca. De acordo com ele, em muitos casos, a pessoa após o processo cirúrgico acha que está bem e não volta ao Médico, “o que é um erro muito grande”, enfatiza.
**João Ettinger é médico cirurgião geral e do aparelho digestivo com atuação em cirurgia bariátrica, hérnias e cirurgia laparoscópica, com doutorado em Medicina Interna pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, professor adjunto de cirurgia da Escola Bahiana de Medicina, Coordenador do Fellowship de Cirurgia Bariátrica do Hospital São Rafael, e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica. Em 2010, tomou posse como Mestre (presidente) do Colégio Brasileiro de Cirurgiões – Regional Bahia.


Elena Martinez

Teatro Gil Santana pode fechar as portas

O pedido de despejo do Teatro Gil Santana, que funciona há 14 anos no bairro do Rio Vermelho, sensibilizou o engenheiro Olavo Fonseca, diretor do Grupo Sonar.O empresário inicia uma campanha de apoio ao abaixo-assinado que objetiva a permanência do teatro, além de doar projeto acústico completo ao espaço. “Caso as instalações consigam ser mantidas ou mesmo se o teatro mudar de local, faremos um novo projeto acústico. Queremos sair vencedores desta batalha”, afirma o engenheiro, que assina o projeto acústico dos principais teatros da capital baiana, como Teatro Vila Velha, Teatro Jorge Amado, Teatro Casa do Comercio, Teatro SESC Pelourinho, Teatro SESI Rio Vermelho, Teatro Cidade do Saber em Camaçari, entre vários outros.


Referência para o universo lúdico infanto-juvenil de Salvador, o Gil Santana promove, além dos espetáculos teatrais, oficinas para atores - adultos e crianças, inclusive portadoras de necessidades especiais – e lançamento de livros infantis. “Essa luta não é apenas por um espaço predial, mas pela preservação da memória da cultura baiana, das aventuras da infância e das juventudes em momentos de entretenimento”, afirma o diretor do teatro, Gil Santana. Com um ambiente pequeno, o local é considerado como teatro de bolso e favorece o desenvolvimento infantil na arte lúdica, criatividade e aprendizagem cultural. “O fato do fechamento do teatro me sensibilizou justamente porque sempre levei meus filhos para assistir às peças teatrais e acho importante preservar o espaço, já que a cidade conta com poucas casas como esta”, explica Olavo Fonseca.


Elena Martinez